segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Realismo / Naturalismo

Os termos "Realismo" e "Naturalismo" frequentemente se confundem e alguns autores falam, então, de "Realismo-Naturalismo". É um estilo que ocorre na segunda metade do século XIX: o marco inicial seria em 1881, com a publicação de "O Mulato" de Aluísio Azevedo (Naturalista) e "Memórias póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis (Realista), e o ano final seria 1893 com a publicação de Missal e Broquéis de Cruz e Sousa.
A arte realista-naturalista ocorreu em um período de consolidação do poder político da burguesia que tinha seu gosto estético orientado para uma arte racional, isto é, desprezavam o excesso de sentimentalismo romântico. O Realismo-Naturalismo ultrapassou, entretanto, os limites da burguesia e se tornou uma arte inovadora e voltada para os interesses populares.
Realismo: os escritores voltavam-se para a observação do mundo objetivo. Procuravam fazer arte com os problemas concretos de seu tempo, sem preconceitos ou convenções. Focalizavam o cotidiano. O adultério, o clero e a sociedade burguesa em crise tornaram-se temas para as obras desse período.

Naturalismo: radicalizou o determinismo (o homem como produto de leis físicas e sociais) do movimento realista. Essa nova tendência apareceu em uma situação de grande pessimismo. Os escritores naturalistas introduziram o chamado "romance experimental" contra o esteticismo em que se enveredava a arte. O movimento não se restringiu à ciência positivista. Registrou, como os realistas, não o passado, mas o presente com temas inovadores e linguagem atual. Denunciou a hipocrisia e caracterizou as lutas sociais, temáticas novas, que anteciparam a literatura de ênfase social do século XX.

Os principais autores foram Machado de Assis (importante ressaltar que não podemos incluir Machado de Assis totalmente nesse estilo de época, pois suas obras são mais complexas e tem características peculiares), Aluísio Azevedo e Raul Pompéia.

REALISMO E NATURALISMO

romances

O Realismo é uma reação contra o Romantismo:
O Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.
(Eça de Queirós)

Em 1857 é publicado na França o romance "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. O primeiro romance naturalista é publicado em 1867, sendo "Thérèse Raquin", de Émile Zola. No Brasil, considera-se 1881 o ano inicial do Realismo brasileiro, com a publicação de "O Mulato", de Aluísio Azevedo (primeiro romance naturalista brasileiro); e "Memórias Póstumas de Brás Cubas"", de Machado de Assis (primeiro romance realista do Brasil).

As características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo as idéias do Positivismo, do Socialismo e do Evolucionismo. Manifesta o objetivismo, como uma negação do subjetivismo romântico; o personalismo cede terreno ao universalismo; o materialismo leva a negação do sentimentalismo.O Realismo preocupa-se com o presente, o contemporâneo (a volta ao passado histórico do Romantismo é posta de lado).

Os autores do Realismo são adeptos do determinismo, pelo qual a obra de arte seria determinada por três fatores: o meio; o momento; e a raça (esta dizendo respeito à hereditariedade). O avanço das ciências, no século XIX, tem grande influência, principalmente sobre os naturalistas (daí falar-se em cientificismo nas obras desse período). Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos (defendem o ideal republicano); negam a burguesia (a partir da célula-mãe da sociedade, daí a presença constante dos triângulos amorosos - o pai traído, a mãe adúltera e o amante, este sempre um "amigo da casa"); são anticlericais (destacam-se os padres corruptos e beatas hipócritas).

Romance realista

É uma narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à sociedade a partir do comportamento de determinados personagens. Faz uma análise da sociedade "por cima", visto que seus personagens são capitalistas, pertencentes à classe dominante. Este tipo de romance é documental, sendo retrato de uma época. Foi cultivado no Brasil por Machado de Assis, em obras como "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro".

Romance naturalista

Sua narrativa é marcada pela análise social a partir dos grupos humanos marginalizados, valorizando o coletivo. A influência de Darwin é marcante na máxima naturalista segundo a qual o homem é um animal, deixando-se levar pelos instintos naturais, que não podem ser reprimidos pela moral da classe dominante. A constante repressão leva às taras patológicas, bem ao gosto dos naturalistas; esses romances são mais ousados, apresentando descrições minuciosas de atos sexuais, tocando até em temas como o homossexualismo. Foi cultivado no Brasil por Aluísio de Azevedo ("O Mulato") e Júlio Ribeiro. Raul Pompéia é um caso a parte, pois seu romance, "O Ateneu", apresenta características ora naturalistas, ora realistas, ora impressionistas. Existem várias semelhanças entre o romance realista e o naturalista, podendo-se até mesmo afirmar que ambos partem de um ponto comum para chegarem a mesma conclusão, sendo que percorrendo caminhos distintos.

SÍNTESE DOS AUTORES DO REALISMO/NATURALISMO BRASILEIRO:

Romance realista

· Machado de Assis

· Raul Pompéia (com características tanto do Realismo quanto do Naturalismo)

Romance naturalista

Social

· Aluízio de Azevedo

Urbano

· Júlio Ribeiro

Obras:

· Padre Belchior de Pontes

· A Carne

Adolfo Caminha

Obras:

· O Bom Crioulo

Principais Representantes no Brasil

· Machado de Assis

· Raul Pompéia

· Aluízio de Azevedo

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